O desejo do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, em concretizar a construção de um estádio próprio ganhou destaque recentemente. Mauro Cezar Pereira, colunista do UOL, compartilhou insights no Posse de Bola sobre essa aspiração e os desafios envolvidos.
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Desafios Iniciais: Aquisição do Terreno e Parcerias
Segundo Mauro Cezar, o primeiro passo no plano do Flamengo é adquirir o terreno. Atualmente gerido pela Caixa Econômica Federal, o terreno pertence a um fundo de investimento. Convencer a Caixa e uma empresa de consultoria a concordar com a compra é o desafio inicial. A ideia de vender uma parcela do futebol do clube, similar ao modelo adotado pelo Bayern de Munique, também está em pauta para capitalizar a construção do estádio.
“Não é nem um projeto, eles querem comprar o terreno primeiro. A Caixa é gestora do terreno, mas ele pertence a um fundo de investimento, mas a Caixa faz a gestão, não é um terreno público, é um terreno gerido pela Caixa, que tem uma empresa de consultoria que chancela suas decisões em situações como essa. Então, tem que convencer a Caixa e essa empresa para chegar num acordo de compra do terreno. A partir daí é que vem a construção do estádio e outros assuntos paralelos, como a ideia do presidente do Flamengo de vender, como fez o Bayern de Munique, um percentual, ¼ ou 20%, do futebol do clube em forma de SAF para capitalizar o clube e poder contruir o estádio”
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Repercussão Negativa: Venda de Parte do Futebol do Flamengo
A proposta de Landim de vender uma porção do futebol do Flamengo para investidores tem gerado controvérsias internamente. Mauro Cezar destaca que a maioria é contrária a essa ideia. Ele questiona a lógica por trás dessa abordagem, argumentando que, se o Flamengo busca ter 100% de controle sobre o estádio, não faz sentido vender parte do futebol do clube para financiar a construção.
“Muita gente no clube é contra, aliás, a repercussão é muito negativa dessa proposta do Landim. A grande maioria é contra e eu também vejo que não faz muito sentido”.
Alternativas Financeiras: Financiamento e Parcerias Diferenciadas
Mauro Cezar enfatiza que o Flamengo possui recursos para buscar alternativas financeiras sem recorrer à venda de parte do futebol. Ele sugere a possibilidade de um financiamento de longo prazo, explorando o dinheiro em caixa do clube e buscando parceiros de outras formas, como acordos de naming rights.
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“Se ele não quer ter um parceiro no estádio, quer que o estádio seja 100% do Flamengo, então por que vender parte do futebol do Flamengo para investidores? O Flamengo tem condições hoje de levantar dinheiro para construir o estádio. O Flamengo tem condições de fazer um financiamento de longo prazo para construir seu estádio, fazer um fluxo de caixa e pagar o empréstimo, o Flamengo tem dinheiro em caixa e pode buscar parceiros de outras formas, como o próprio naming rights”
Maracanã como Paliativo: Limitações e Complicações
O Flamengo encara o Maracanã como uma solução temporária, não como uma opção permanente. Mauro Cezar argumenta que o Maracanã representa um “problemaço”, envolvendo questões políticas, benefícios para governadores e complicações estruturais, como a necessidade de substituir a cobertura. A intenção do Flamengo é evitar as complexidades associadas ao Maracanã, buscando a independência com seu próprio estádio.
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“O importante é que o Flamengo quer o Maracanã como um longo paliativo para, em algum momento, construir seu estádio. O Flamengo não pensa em ter o Maracanã e ficar com ele, ele pensa em construir o seu estádio. O que eu acho até necessário de alguma forma, porque o Maracanã sempre vai ser esse rolo danado com políticos, benesses para governadores, cadeiras, canapés, vagas para automóveis, uma série de coisas que eles colocam lá no edital. Além de ser um estádio com várias complicações, entre elas a troca daquela cobertura horrorosa que substituiu a cobertura original, que era tombada e literalmente foi tombada, passando por cima do Iphan e coisas do gênero, e que quando for trocada deve significar um montante de mais de R$ 100 milhões. Há estimativas até mais altas, então o Maracanã é um problemaço. O Maracanã é muito mais problema do que solução, é uma solução paliativa. Então, o clube quer ter seu estádio e me parece que dessa vez existe um propósito mais claro – primeiro passo é ter o terreno, é o terreno da gasômetro”
O plano do Flamengo para um estádio próprio, iniciando com a aquisição do terreno, representa um passo importante para o clube, afastando-se das complicações que envolvem o Maracanã e visando uma solução duradoura para suas necessidades de infraestrutura esportiva.